“Nós precisamos de energia. Todos sabem que não usamos essa energia militarmente.” Investimento
“Precisamos da energia nuclear”, diz embaixador do Irã no Brasil
Entrevista com Mohsen Shaterzadeh, embaixador do Irã no Brasil
Por trás da imagem de radicalismo passada pelas decisões e pronunciamentos do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, o embaixador também mostrou que existe um país que planeja tornar-se desenvolvido até 2025. Shaterzadeh se reuniu na manhã de ontem com empresários curitibanos no centro de eventos do Sistema Fiep e discutiu o comércio entre os dois países.
EUA: resposta iraniana é "inaceitável"
Washington - A resposta do Irã ao pacote de incentivos proposto por três países europeus para encerrar o impasse sobre o programa nuclear iraniano é “inaceitável,” disseram ontem funcionários do governo americano, o que abre o caminho para a adoção de novas sanções contra a república islâmica na Organização das Nações Unidas (ONU).
Falando em farsi (persa), Shaterzadeh salientou que entre as estratégias pelas quais a República Islâmica do Irã pretende enriquecer está a cooperação com a América Latina. Um passo importante foi dado há três anos, com a criação da joint venture Veniran, fabricante de tratores iraniana-venezuelana instalada em Ciudad Bolívar, no país caribenho, que exporta para 10 países do subcontinente. Outros negócios internacionais serão alavancados com US$ 445 bilhões (R$ 695 bilhões), especialmente em tecnologia, energia, agroindústria, têxtil e metalmecânica.
Para quem quer investir em território iraniano, o embaixador garantiu que o país investe muito em infra-estrutura, como energia – o que, no caso da energia nuclear, tem sido motivo de sanções por parte das Nações Unidas, que temem a construção de uma bomba atômica.
A preocupação do empresariado com os desmandos do presidente xiita ficou evidente nas perguntas realizadas pelos participantes da palestra. Um deles contou que só opera com cartão de crédito em suas negociações com o país do Oriente Médio, pois “é uma segurança. Afinal, o Irã é um país de risco”. Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo:
Gazeta do Povo – Qual a importância do programa nuclear iraniano, contestado por ONU, Estados Unidos e União Européia?
Shaterzadeh – Nós precisamos de energia. Todos sabem que não usamos essa energia militarmente. Precisamos de energia nuclear para obter energia elétrica para setores como saúde e agricultura. Somos membros do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e o respeitamos. Temos o direito de usar energia nuclear.
Apesar disso, a ONU impôs sanções ao Irã por manter um programa nuclear. Isso traz dificuldades?
Em relação à política da ONU, acreditamos que ela mudará porque respeitamos toda a regulamentação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Respeitamos o Tratado (de não proliferação) e ainda estamos negociando com a Organização Européia para Investigação Nuclear, então achamos que (a política da ONU) mudará.
Quanto da economia iraniana está nas mãos de clérigos radicais?
Não há controle religioso. Temos dois setores (na economia): governamental e privado. De 50 a 52% (do capital) é do governo e 48% é privado. Mas estamos modificando essa proporção através de privatizações para 20% e 80%, respectivamente.
Com a alta do preço do petróleo, o Irã está aumentando suas reservas? De que forma o país usa esse dinheiro?
Temos muitos projetos para desenvolver o país, e é assim que usamos o dinheiro. Mas não somos responsáveis pelo aumento no preço do petróleo, ele é formado por uma política internacional. Quando sobe, nós temos que pagar mais por matérias-primas. Para nós a alta do petróleo não é tão relevante.
منبع:Mundo
- By Mohsen Shaterzadeh
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