Protegido por um forte esquema de segurança, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chegou ao Palácio do Itamaraty, em Brasília, por volta de 12h30 e já está reunido reservadamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ahmadinejad chegou à capital na manhã desta segunda-feira (23). Cerca de
cem manifestantes favoráveis e contrários à presença do presidente
iraniano no país realizaram um protesto na Esplanada dos Ministérios.
Uma das pistas chegou a ter o trânsito interrompido momentos antes da
chegada de Ahmadinejad.
Enquanto aguardava a chegada do iraniano, Lula conversou com os
jornalistas e confirmou a intenção de propor uma partida de futebol
entre a seleção brasileira e um combinado de jogadores palestinos e
israelenses. Lula e Ahmadinejad devem conceder entrevista coletiva após esse primeiro encontro.
Um almoço em homenagem ao presidente iraniano, oferecido por Lula,
estava previsto para as 13h. Desde 2008, os dois presidentes já se
encontraram em duas oportunidades.
A primeira no Equador e a segunda nos Estados Unidos. Esse é o terceiro
encontro entre Lula e Ahmadinejad. O iraniano também tem encontro
marcado com os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do
Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Em entrevista coletiva na sexta-feira (20), o embaixador iraniano no
Brasil, Mohsen Shaterzadeh, não deu detalhes sobre os assuntos que serão
tratados por Ahmadinejad e Lula, mas disse que os dois presidentes
devem assinar acordos de cooperação em pelo menos oito áreas. Parcerias
para atividades em setores de cultura,
tecnologia, energia, mercado financeiro e agricultura são algumas das
ações previstas. Na questão financeira, Brasil e Irã devem firmar acordo
entre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a bolsa de valores
iraniana.
Para Lula, somente a paz poderá garantir o crescimento dos países, a
tranquilidade dos povos e a melhoria de vida das pessoas no Oriente
Médio. "Fico extremamente feliz que o Brasil possa em uma mesma semana,
dez ou 15 dias, receber o presidente de Israel [Shimon Peres], o
presidente da Autoridade Palestina [Mahmoud Abbas] e o presidente do
Irã. Isso mostra a diversidade das relações internacionais do Brasil e
com todos vou conversar a mesma coisa: conversei de paz com o presidente
Shimon Peres, com o Mahmoud e vou conversar com o Ahmadinejad", disse o
presidente brasileiro em entrevista concedida no domingo (22).
Segundo o embaixador iraniano, Ahmadinejad deve fazer um discurso no
Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), por volta das 18h,
onde vai responder perguntas de estudantes e jornalistas. Segundo a
assessoria do IESB, ele quer debater suas ideias com a população de
Brasília e estará aberto a perguntas de temas que vêm provocando
polêmica na comunidade internacional como a inexistência do holocausto, o
domínio da tecnologia nuclear e a perseguição religiosa.
Também no domingo (22), após votar na eleição do PT, a ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff destacou a importância da visita iraniana ao
Brasil. “A presença do presidente do Irã aqui é uma clara indicação de
que somos um país com relevância internacional. Ninguém antes queria
saber nossa opinião sobre conflito árabe-israelense, nem pedia para a
gente uma posição no sentido de construir a paz no Oriente Médio. Acho
que é muito importante que o Brasil assuma esses papeis que cada vez
mais serão dele”, completou a ministra.
Comitiva
Composta por 280 autoridades, a comitiva conta com 150 empresários
iranianos e vai permanecer três dias no Brasil. Nesse período, eles irão
participar de reuniões com empresários brasileiros. O Ministério das
Relações Exteriores e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão à
frente da organização dos encontros. Segundo o embaixador do Irã no
Brasil, as discussões serão organizadas em grupos por setor de atividade
industrial.
"Uma grande delegação política e econômica iraniana virá ao Brasil na
segunda. Teremos uma grande cooperação bilateral. Serão 280 autoridades
políticas e empresariais do irã que virão em dois aviões. Sendo que o
seminário entre empresários do Irã e do Brasil deve reunir 350 líderes",
relatou o embaixador iraniano.
Protestos
Perguntado sobre os protestos de entidades de Direitos Humanos e de
setores da política brasileira contrários à visita do presidente
iraniano, na sexta-feira (20), o embaixador argumentou que a maioria da
população brasileira estava "contente" com a visita de Ahmadinejad. Na
avaliação dele, o Irã é o país mais democrático do Oriente Médio.
"Observamos que a maioria da população brasileira está contente com a
visita. Certamente o presidente da Câmara e o presidente do Senado
conhecem a realidade do Irã. O Irã é um país cem por cento democrático, é
o país mais democrático do Oriente Médio. Todas as bases de governança
são baseadas no voto popular", respondeu o embaixador.
Cerca de 300 pessoas, segundo a Guarda Municipal do Rio de Janeiro
participaram na manhã de domingo (22) de um protesto, na orla de
Ipanema, na Zona Sul. Os organizadores do evento calcularam em cerca de
1.500 o número de participantes.
منبع: G1
- By Mohsen Shaterzadeh
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