Shaterzadeh disse que o assunto envolve apenas o Irã, pois a mulher condenada é iraniana, o que elimina a possibilidade de outro país ser incluído no processo. Para o embaixador, o caso ganhou repercussão internacional porque há uma manipulação por meio da internet e da imprensa estrangeira para constranger o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
- Nós não recebemos de forma oficial pedido ou oferta alguma [de asilo ou refúgio político] para esta senhora ser enviada para o Brasil. Não houve ofício por escrito, nota oral ou troca de notas, como é a orientação na diplomacia em casos assim.
De acordo com o diplomata, o caso diz respeito apenas ao governo e à Justiça do Irã.
- Ocorreram crimes e serão julgados conforme o código do Irã, que segue preceitos morais e culturais do país. O processo envolve pessoas iranianas, por que deveria ter o envolvimento de outros países?
Shaterzadeh reiterou, porém, que a interpretação do assunto por parte do Irã não significa desrespeito à oferta de Lula para que a mulher fosse enviada para o Brasil.
- Nós respeitamos muito o presidente Lula. Confiamos cem por cento na ideia de que ele não quis interferir em assuntos internos do Irã. Ele foi movido por sentimentos humanos e quando o nosso porta-voz disse isso, foi com muito respeito a ele. Mas o comentário foi mal interpretado pela imprensa brasileira.
Há cinco anos, a viúva Ashtiani, mãe de dois filhos, foi condenada à morte por apedrejamento sob a acusação de adultério e ter mantido relações sexuais com dois homens.
Shaterzadeh disse ainda à Agência Brasil que o processo de adultério foi encerrado e que a mulher é acusada “apenas” de assassinato do marido. O embaixador não confirmou que a pena de morte por apedrejamento tenha sido substituída por enforcamento. Segundo ele, o processo está em curso e ainda não foi encerrado, por essa razão há possibilidade de alterações.
- Posso enfatizar que não é uma questão de adultério, mas de assassinato. Será que se este crime tivesse ocorrido em outras partes do mundo todos estariam reagindo desta forma? Infelizmente, hoje em dia há um ambiente virtual que está sendo aproveitado pela mídia. É um assunto interno do Irã que não necessita de interferências externas.
Shaterzadeh confirmou que a sentença de morte da iraniana virou tema
de várias reuniões de diplomatas no Brasil e no Irã. Pessoalmente, o
embaixador disse ter conversado sobre o assunto com vários
representantes do Brasil. Em Teerã, o embaixador do Brasil no Irã,
Antonio Salgado, também esteve com autoridades do país asiático para
informar sobre a posição brasileira.
Nesta quarta-feira (11), no Rio de Janeiro, o ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, reiterou que houve, sim, uma oferta do governo
para o envio de Ashtiani para o Brasil.
- Houve comentários feitos em nível diplomático que explicavam [a
condenação]. Talvez eles estejam considerando isso como uma resposta
oficial, dizendo que ela é acusada não só de adultério, mas de
cumplicidade em homicídio.
منبع: Da Agência Brasil
- By Mohsen Shaterzadeh
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