BRASÍLIA - O embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, descartou o envio da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani ao Brasil. Shaterzadeh afirmou que não houve uma oferta formal do governo brasileiro para conceder asilo à mulher. Segundo ele, ela agora é acusada apenas de assassinato. Em entrevista à TV estatal iraniana na quarta-feira, Sakineh confessou ter cometido adultério, além de ter se envolvido na morte do marido , acusação da qual ela dizia ter sido absolvida. Seu advogado disse que sua cliente foi torturada. Ela pode ser morta a qualquer momento.
- Nós não recebemos de forma oficial pedido ou oferta alguma (de asilo ou refúgio político) para esta senhora ser enviada para o Brasil. Não houve ofício por escrito, nota oral ou troca de notas, como é a orientação na diplomacia em casos assim - afirmou o embaixador iraniano, em entrevista à Agência Brasil.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reafirmou na quarta-feira, no Rio, que houve uma oferta formal de asilo. Ele se mostrou otimista com a possibilidade, dizendo que um gesto humanitário seria bom para o Irã .
- O presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) expressou o oferecimento de recebê-la no Brasil, se isso ajudar a evitar a execução - disse ele. - Nosso embaixador em Teerã foi instruído a comunicar o fato, o que, a nosso ver, é uma formalização deste oferecimento e do sentimento que é o do povo brasileiro.
O embaixador iraniano disse que foi encerrado o processo de adultério e que Sakineh é acusada "apenas" de assassinato do marido. Ele não confirmou que a pena de morte por apedrejamento tenha sido substituída por enforcamento. Segundo ele, o processo está em curso e há possibilidade de alterações.
Interpretação não é desrespeito a oferta de Lula, diz embaixadorDe acordo com Shaterzadeh, Sakineh será mantida na prisão. O diplomata disse que o assunto envolve apenas o Irã. Para ele, o caso ganhou repercussão internacional porque há uma manipulação por meio da internet e da imprensa estrangeira para constranger o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
- Ocorreram crimes e serão julgados conforme o código do Irã, que segue preceitos morais e culturais do país - disse ele. - O processo envolve pessoas iranianas, por que deveria ter o envolvimento de outros países?
O embaixador reiterou que a interpretação do assunto por parte do Irã não significa desrespeito à oferta de Lula para que a mulher fosse enviada para o Brasil.
- Nós respeitamos muito o presidente Lula. Confiamos cem por cento na ideia de que ele não quis interferir em assuntos internos do Irã. Ele foi movido por sentimentos humanos e quando o nosso porta-voz disse isso, foi com muito respeito a ele. Mas o comentário foi mal interpretado pela imprensa brasileira - afirmou o embaixador, confirmando que o caso foi tema de várias reuniões de diplomatas no Brasil e no Irã.
منبع: O Globo Agência Brasil
- By Mohsen Shaterzadeh
- Português Notícias