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Dr. Mohsen SHATERZADEH

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Embaixador iraniano desaprova Khadafi e condena intervenção na Líbia 2011 / 03 / 19

ABr
O embaixador Mohsen Shaterzadeh

Brasília - A um dia da chegada do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, minimizou a importância da visita e disse que a política externa brasileira tem dado provas de ser soberana e independente. Segundo ele, a posição do governo da presidenta Dilma Rousseff de se abster na votação, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, da resolução que cria uma zona de exclusão aérea na Líbia e autoriza adoção de medidas contra ataques do regime do presidente Muammar Khadafi, é a demonstração da continuidade da política externa do Brasil. Mohsen Shaterzadeh condena qualquer tipo de intervenção dos Estados Unidos na Líbia por provocar "violência e sofrimento ao povo líbio". O Irã promete apoio ao povo daquele país e condena a atuação do governo de Khadafi por falta de legitimidade e por representar o poder econômico do Ocidente, entre eles dos Estados Unidos. Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida à Agência Brasil.

Agência Brasil (ABr) - Qual avaliação o senhor faz da visita do presidente Obama ao Brasil?
Mohsen Shaterzadeh - As relações bilaterais sempre estão baseadas em cooperação. Não existe uma cooperação baseada na inimizade, como a união de dois países contra um país terceiro. Pelo conhecimento que temos dos nossos amigos brasileiros e do governo brasileiro, achamos que qualquer cooperação do Brasil com qualquer país é, certamente, no sentido de desenvolver suas relações bilaterais com esses países e nunca será para aproximação contra um país terceiro. Temos uma relação muito vasta, muito ampla com o Brasil. Nossas relações com o Brasil nunca serão contra um país.

ABr - O senhor teme que uma aproximação do Brasil com os Estados Unidos signifique um afastamento em relação ao Irã?
Shaterzadeh - O ministro Patriota [Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores] afirmou em várias situações em dar seguimento à política externa do presidente Lula. Estamos confiantes que a política externa brasileira será a continuação da política anterior. Acreditamos que a política externa brasileira é realista, baseada em inteligência e de acordo com o interesse nacional brasileiro e não será influenciada pelo poder externo. Acreditamos que o Brasil foi, de certa forma, muito corajoso por ter votado pela abstenção [votação nas Nações Unidas para criar uma zona de exclusão aérea na Líbia.

ABr - A posição brasileira foi acertada?
Shaterzadeh - Isso demonstra que é uma política soberana e independente. Nós também temos interesses comuns com o governo brasileiro. Acreditamos que as relações com o Irã vão melhorar ainda mais. O Irã, como um grande país do Oriente Médio, chama atenção do Brasil. Do outro lado, o Brasil é um país importante para nós na América do Sul, nesse sentido existe uma convergência de interesses dos governos.

ABr - Qual a avaliação sobre a possibilidade de uma intervenção armada na Líbia?
Shaterzadeh - Acreditamos que tem de ser respeitadas a opinião, as aspirações e o desejo do povo. O grande problema na região é a existência dos governos ditatoriais apoiados pelos Estados Unidos. Acho que o melhor trabalho que os Estados Unidos poderiam fazer é não interferir em assuntos internos. Os Estados Unidos e os países ocidentais nunca defenderam os direitos dos povos dessa região, mas sempre seus interesses. Para qualquer pessoa que tem interesse em ajudar o povo da Líbia, a melhor solução é impedir a intervenção dos Estados Unidos e dos países do Ocidente. A melhor forma é ajudar o povo a resolver os problemas com os governos locais.

ABr - Ajudar o povo com ou sem Khadafi no governo?
Shaterzadeh - Temos de deixar o povo decidir sobre o seu destino. Acho que nesse sentido o povo tem maturidade para poder decidir. O povo compreende que o comportamento dos Estados Unidos e dos países do Ocidente é uma atitude para enganar, é falso. Eles falam de apoio ao povo, mas é mentira, pois todo esforço é para conservar seus interesses. 

ABr - Como o senhor vê o papel do presidente Obama em uma solução para os conflitos na Líbia?
Shaterzadeh - O que achamos é que o presidente Obama tem que respeitar os direitos do povo e não interferir em outros países. Uma invasão ou um ataque militar contra a Líbia, certamente aumenta a violência e o sofrimento desta população. O povo de uma forma soberana é independente e deve decidir seu destino. Os Estados Unidos da América nunca respeitaram os direitos dos povos.

ABr - Caso haja uma intervenção na Líbia por parte dos países do Ocidente, o Irã ficará ao lado do governo da Líbia e que tipo de ajuda poder dar?
Shaterzadeh - Nós apoiaremos o povo da Líbia.
         
ABr - Com que medidas apoiará o povo?
Shaterzadeh - Temos que ter paciência e esperar mais um pouco para ver os acontecimentos.

ABr - Isso significa que o Irã não apoiará Khadafi?
Shaterzadeh - Nós não apoiamos o governo de Khadafi.

ABr - Então, o Irã não apóia Khadafi e é contra a intervenção?
Shaterzadeh - É da nossa visão que a soberania pertence ao povo. Todos os nossos esforços e as iniciativas neste sentido são para ajudar o povo a conquistar estes direitos. Um governo, um Estado que mata seu povo, não tem legitimidade. Este governo de Khadafi de certa forma é apoiado pelo Ocidente e pelos Estados Unidos. O motivo deste apoio do Ocidente é a existência do petróleo na Líbia. O Ocidente e os Estados Unidos têm cerca de US$ 200 bilhões em investimentos na Líbia. Esta estratégia de atacar o governo da Líbia para defender o povo é uma grande mentira. Eles estão defendendo os seus interesses neste país. Vocês podem estar seguros de que se o Ocidente retirar o apoio ao governo de Khadafi, o povo vencerá.      

ABr - Diante destas considerações sobre o papel dos Estados Unidos, qual o significado da visita do presidente Obama ao Brasil?
Shaterzadeh - Nós achamos que o povo brasileiro é muito maior do que uma visita do presidente dos Estados Unidos. Sobretudo, um presidente estrangeiro que visita o Brasil em um sábado e domingo, que não é um dia de trabalho. Se você for perguntar ao povo brasileiro vai ver que a visita não é tão importante para eles. 


منبع: Agência Brasil

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