A República Islâmica do Irã tem um novo embaixador no Brasil. Mohsen Shaterzadeh apresentou suas credenciais ao presidente Luis Inácio Lula da Silva no final de julho e no começo desta semana esteve em Curitiba. Além de contato com autoridades políticas e econômicas, dedicou parte do seu tempo à comunidade muçulmana local.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Omar Nasser Filho, do Ibei, durante recepção em Curitiba (FOTO), o embaixador Shaterzadeh explicou que vai trabalhar para o estreitamento das relações entre o Irã e o Brasil. De acordo com ele, há muitos interesses mútuos nos campos científico-tecnológico, econômico e político, o que trará benefícios para as duas nações. Acompanhe, abaixo, a entrevista:
Ibei: Quais são os principais objetivos de sua viagem a Curitiba?
Embaixador Mohsen Shaterzadeh: Muitos. O primeiro, celebrar o aniversário de nascimento do Imam Hussein (a.s.), visitar nossos irmãos muçulmanos, xiitas e sunitas e estender nossas congratulações a eles. O segundo, apresentar as capacidades da indústria e comércio iranianos aos empresários e autoridades do estado, para desenvolver a cooperação da República Islâmica do Irã, especialmente com o estado do Paraná. Então, eu tenho uma série de visitas e reuniões com as autoridades, como o prefeito, a Federação das Indústrias. Farei, também, visitas às indústrias. Eu acredito que nós podemos encontrar novas soluções para desenvolver a cooperação mútua.
Ibei: O Brasil é o maior país da América do Sul. Quais os setores que o Sr. considera importantes para tornar esta relação mutuamente lucrativa?
MS: Muitos. Primeiramente, deixe-me explicar sobre a política do Irã. Nós queremos desenvolver a cooperação entre os países do hemisfério Sul. Se as capacidades desses países se unirem, nós poderemos fazer muitas coisas sem a influência dos países do Norte.
Brasil e Irã têm um papel importante entre os países do Sul. Então, nós pensamos que a relação entre o Irã e o Brasil vai incrementar a capacidade dos países da região. Por exemplo, nós temos muitas capacidades no setor industrial, como petroquímica, mecânica, eletrônica, petróleo, gás, e o Brasil tem muitas capacidades em agricultura, indústria, setor aeroespacial, entre outros. Então, nós podemos unir todas estas capacidades e elas podem nos ajudar. O Brasil pode investir no Irã, nós podemos investir no Brasil e implantar vários projetos em todo o mundo.
O Brasil é um país que luta contra a pobreza e nós não podemos viver numa sociedade com pobreza. No Irã nós temos uma luta pela justiça social e isso nos iguala ao Brasil. O Brasil tem uma grande população, próxima dos 200 milhões. O Irã é o maior país do Oriente Médio, com uma população de 72 milhões. O PIB do Brasil é muito grande e o Irã tem o maior PIB do Oriente Médio. O Brasil tem uma política em energia e o Irã também tem uma política de energia para o futuro. Então, nós temos uma porção de interesses e objetivos comuns para cooperar.
Ibei: Como o Sr. vê o futuro desta relação? Ela está ficando mais forte?
MS: Com certeza. Nós estamos trabalhando para torná-la cada vez mais forte. Por exemplo, agora, quando você pensa em relações econômicas, você tem cerca de US$ 2 bilhões em comércio bilateral. Nós imaginamos que devido a esta capacidade de cooperação entre os dois países, este valor pode subir para, no mínimo, US$ 10 bilhões, no curto prazo. No longo prazo, podemos incrementar esta capacidade para US$ 20 bilhões. Então, nós temos de trabalhar, esta é nossa tarefa: encontrar novas capacidades, novos nichos, novas oportunidades para expandir nosso trabalho. Nós podemos fazer isso.
Ibei: Como o Sr. vê a comunidade islâmica no Brasil, especialmente no Paraná e em Curitiba?
MS: Você sabe, a população muçulmana no Brasil é considerável. Eu penso que nós precisamos reagrupá-la em torno das organizações islâmicas. Esta é uma obrigação de cada muçulmano. Nós temos muita capacidade nas organizações islâmica. Se nós nos unirmos em torno delas, podemos fazer uma série de coisas para nossa sociedade, para nossa mentalidade, para o desenvolvimento da moralidade no país. Nós temos a Religião Islâmica, que é uma religião moral. Nós pensamos a respeito da unidade, que é muito importante, nós pensamos a respeito da justiça, que é um parâmetro muito importante na sociedade. Então, você pode dizer que nós devemos expandir a mentalidade islâmica para as pessoas, porque hoje em dia, em muitos países, há a necessidade de uma nova mensagem. E eu penso que o Islã tem uma nova mensagem para uma vida melhor. Esta é a capacidade que as organizações islâmicas têm em suas mãos e elas devem colocá-la em benefício da sociedade.
منبع:I.R.E.I
- توسط محسن شاطرزاده
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