Embaixada do Irã questiona capacidade do Brasil de receber sentenciada à morte 2010 / 08 / 17
Brasília – O governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sugeriu
hoje (16) que o Brasil crie uma área própria para abrigar “criminosos e
assassinos” estrangeiros. Em nota oficial, divulgada pela Embaixada do
Irã em Brasília, o governo iraniano pergunta se a proposta de oferecer
asilo a sentenciados não ameaça a sociedade brasileira.
A reação é
uma resposta à oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que
Ahmadinejad envie para o Brasil a mulher condenada à morte por
apedrejamento.
“Será que a sociedade brasileira e o Brasil têm
que ter, no futuro, um lugar dos criminosos de outros países em seu
território? Se a concessão do exílio aos criminosos e assassinos
tornar-se um hábito para os países, será que isso não prejudicará o
papel dos sistemas jurídicos desses países?”, indaga a nota.
A
viúva Sakineh Ashtiani, de 43 anos, mãe de dois filhos, foi condenada
por ter mantido relações sexuais com dois homens, depois da morte do
marido. Também há a acusação de assassinato. Ashtiani e a família negam
as acusações. O caso gerou repercussão internacional e o presidente Lula
ofereceu o Brasil para acolhê-la.
A nota, divulgada hoje pela
embaixada, tem dez parágrafos. Nela, o governo iraniano reitera as
acusações à viúva informando que ela matou o marido durante o banho com
uma injeção letal e choque elétrico. Também diz que o presidente Lula é
alvo de pressões internacionais que querem afetar as relações entre
Brasil e Irã.
Na semana passada, o embaixador do Irã no Brasil,
Mohsen Shaterzadeh, negou que o governo iraniano tivesse recebido a
pedido oficial de asilo ou refúgio político destinado à viúva. Segundo
ele, a oferta jamais foi feita a autoridades iranianas.
O
ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o embaixador do Brasil
no Irã, Antonio Salgado, confirmaram que houve um pedido oral formal ao
governo iraniano para o envio da mulher para o Brasil. O caso provocou
um mal-estar entre as diplomacias dos dois países.
Na nota
oficial, os iranianos ratificam os elogios a Lula. “A República Islâmica
do Irã considera as declarações e o apelo de Luiz Inácio Lula da Silva
sobre Sakineh Mohammadi ao Irã um pedido de um país amigo, baseado nos
sentimentos puramente humanitários”.
Segundo a nota, a oferta de
Lula representa a característica principal do presidente: “O espírito do
presidente Lula que busca pela justiça”. Em seguida, a embaixada
informa que por esta razão apresentou, por meio da nota, os
esclarecimentos ao governo brasileiro.
“Ao enfatizar a
necessidade de respeitar os valores, as crenças, os princípios e
preceitos regligiosos das sociedades, acreditamos que o conhecimento dos
países desses princípios poderia contribuir e desempenhar um papel
importante em amenizar prováveis mal entendidos e na criação de uma
convivência pacífica”, informa o documento.
منبع: Agência Brasil
- توسط محسن شاطرزاده
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